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terça-feira, junho 13, 2006

Tributo a Eugénio de Andrade

Quando se comemora um ano do falecimento do poeta, publicamos mais um dos seus lindos poemas:
Onde me levas, rio que cantei,
Onde me levas, rio que cantei.
esperança destes olhos que molhei
de pura solidão e desencanto?
Onde me leva?, que me custa tanto.
Não quero que conduzas ao silêncio
duma noite maior e mais completa,
com anjos tristes a medir os gestos
da hora mais contrária e mais secreta.
Deixa-me na terra do sabor amargo
como o coração dos frutos bravos,
pátria minha de fundos desenganos,
mas com sonhos, com prantos, com espasmos.
Canção, vai para além de quanto escrevo
e rasga esta sombra que me cerca.
Há outra fase na vida transbordante:
que seja nessa face que me perca.
Kanimambo!