O Lourenço fez voluntariado no nosso centro no final do ano passado e decidiu agradecer à Ir. Lucília sob a forma de carta, que agora aqui partilhamos com todos os nossos queridos amigos:
Boa tarde Irma Lucilia,
Antes de mais queria agradecer tudo o que fez e fizeram por mim. Sei que
a Irma nao precisa de agradecimentos mas eu sim, preciso de agradecer. A
verdade é que esses 2 meses que ai passei foram realmente so mais 2 meses de
ajuda de mais um voluntario. Ajuda muito util, prestavel e digna de se
agradecer. Mas quem é que tem que agradecer a quem? O que significaram
realmente estes 2 meses? Eu ca tenho tudo isso muito bem assente. Nao passa um
so dia sem que eu me lembre do centro, de Inharrime, das meninas, dos
trabalhadores, das irmas... E é nesta reflexao que eu me apercebo do real
tamanho desses 2 meses. Para o centro e para as meninas, foram 2 meses de
cocegas, brincadeiras, conversas, explicaçoes chatas que nao acabavam até se
atingir o objetivo das mesmas, constantes correçoes, enfim. Para as irmas,
foram 2 meses nos quais contaram com duas maos extra, que estavam sempre
dispostas a ajudar fosse no que fosse: tirar fotos, tratar das medias dos
alunos, dar explicaçoes, organizar as fotos do apadrinha, ate´para fazer de
escadote quando mais foi preciso! Foram 2 meses com um miudo de 18 anos que
pensa que sabe muito mas na verdade so tem muito que saber. E para mim? O que
foram estes 2 meses para mim? Foram uma vida. Posso-lhe dizer com toda a
certeza e honestidade que eu vivi mais nesses 2 meses do que nos meus 18 anos
de existencia, e isso é um facto. Vi coisas que nunca pensei ver, fiz coisas
que nunca pensei fazer, conheci pessoas que nunca imaginei que existissem, e vi
com os meus proprios olhos que o amor e a alegria tudo vencem. Aprendi muito
nessa vida, irma. E a melhor das noticias é que nao voltei a vida antiga, mas
sim cresci com as duas. Ao voltar para a Europa, deparei-me com imensas pessoas
que nao paravam de me bombardear com frases do genero: "foste para Africa
2 meses, é preciso ter coragem!", ou "conheço poucas pessoas da tua
idade que fossem capazes da fazer o que tu fizeste". Eu nao percebo estas
pessoas. Ou melhor, elas é que nao me percebem. O que eu fiz para Inharrime foi
ajudar 2 meses, mas o que eu fiz para mim foi viver uma vida. A ajuda que se da
numa experiencia de voluntariado nao tem qualquer comparaçao possivel com o
amor que se recebe em troca. E isso é o que eu lhes digo sempre: "nao é
tao dificil, nem de tanta valentia, fazer o que eu fiz. É muito maior o que se
recebe do que o que se oferece, e so isso justifica tudo." Eu posso nao
ter mudado a vida de nenhuma menina diretamente, mas podem ter a certeza de que
elas mudaram a minha. E a quem é que eu devo tudo isso? A pessoas como a
irma lucilia, e todas as irmas que ai estao. Os agradecimentos vao todos para
vos. Sao infinitas as vidas que se salvaram e criaram graças ao vosso amor.
Sejam elas as vidas das meninas ou dos voluntarios.
Queria aproveitar para a informar de que estou a pensar seriamente em
voltar por volta de Abril, se calhar antes. Eu tinha planos claros para este
meu ano sabatico antes da universidade: queria fazer um voluntariado primeiro e
depois trabalhar para ganhar dinheiro e viajar. Ora esses tais 2 meses
mudaram-me completamente a perspetiva e desde o dia em que eu me apercebi que
os dois meses estavam a chegar ao fim, comecei logo a pensar no meu
regresso. Ja falei com os meus pais e eles apoiam fortemente a ideia.
Alias, falei tambem com um meu antigo colega de turma (o Rodrigo) que tambem
esta a fazer um ano sabatico e que fez voluntariado na mesma altu, nos
Galapagos. O Rodrigo esta muito interessado em vir comigo para Inharrime e esta
neste momento a discutir o assunto com a mae. Eu encontrome em Alicante
(Espanha) a tirar a carta de conduçao para poder ser mais util quando voltar,
se voltar. E era isso que eu queria perguntar a irma: se acha que havera espaço
para mais um escadote no centro. Neste caso seriam dois escadotes: eu e o
Rodrigo.
Espero que esteja tudo a correr bem ai no Laura Vicuña e espero que as
meninas estejam boas!
Um grande, forte e apertado abraço a todas as
irmas, meninas, trabalhadores/as e em especial para si irma que fez disto tudo
uma realidade.
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