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segunda-feira, maio 03, 2010

"Presença" de Alda Lara

Queridos "Amigos", Padrinhos e Visitantes,

Continuamos na digressão pelos poemas e lendas de África. Hoje tenho o poema "Presença" de Alda Lara publicado no Jornal de Benguela e na Antologia Poética MÁKUA

E apesar de tudo
ainda sou a mesma!
Livre e esguia,
filha eterna de quanta rebeldia me sagrou.
Mãe-África!
Mãe forte da floresta e do deserto,
ainda sou
a irmã-mulher
de tudo o que em ti vibra,
puro e incerto!


-A dos coqueiros,
de cabeleiras verdes
e corpos arrojados
sobre o azul...
A do dendém
nascendo nos braços
das palmeiras...
A do Sol bom, mordendo
o chão das Ingombotas...
A das acácias rubras,
salpicando de sangue as avenidas
longas e floridas...

Sim! ainda sou a mesma...
-A do amor transbordando
pelos carregadores do cais
suados e confusos,
pelos bairros imundos e dormentes
(Rua 11... Rua 11...)
pelos negros meninos
de barriga inchada
e olhos fundos...
Sem dores nem alegrias,
de tronco nu e corpo musculoso
a raça escreve a prumo,
a força destes dias...

E eu, revendo ainda
e sempre, nela,
aquela
longa história inconsequente...
Terra!
Minha, eternamente!
Terra das acácias
dos dongos,
dos cólios, baloiçando
mansamente... mansamente!...

Terra!
Ainda sou a mesma!
ainda sou
a que num canto novo,
pura e livre,
me levanto
ao aceno do teu Povo!...Um abraço a todos,

KANIMAMBO

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